quinta-feira, 1 de outubro de 2009

A Socratização da Repúplica

O país encontra-se em suspenso com o conflito Belém- São Bento a marcar a agenda. Uma guerra marcada por desconfianças e episódios infelizes de ambos os lados, que se consumou à vista de todos com a declaração ao país do Presidente da República.
Por esse país político afora, os “comentadores” e “fazedores de opinião” (anti-Cavaquistas de longa data em grande maioria…), soltaram de imediato a sua fúria contra o PR e a incoerência do seu discurso.
É verdade que o seu discurso foi mal arranjado, que as suas acusações ficaram a meio caminho daquilo que ele queria e devia ter dito, mas as falhas Cavaco não são o que de pior corre em todo este caso. E é isso que os portugueses não podem deixar que aconteça impunemente diante dos seus olhos.

A manipulação da informação que fez manchetes na imprensa foi evidente e teve como único beneficiário José Sócrates, que conseguiu que fosse feita uma campanha eleitoral sem que o essencial fosse discutido. Como foi possível que na campanha das legislativas 2009, nada fosse discutido sobre os 4 anos de mandato de Sócrates e que o julgamento das suas políticas não fosse efectuado? Como foi possível que não tenha apresentado uma única proposta que definisse a sua vontade de governar por mais 4 anos o país? Mais uma vez, é apontado o fraco desempenho da sua opositora como razão deste facto, sempre culpas alheias... Mas é uma peneira com poros muito largos, porque foram sobretudo os casos como o das escutas, que sucessivamente iam enchendo o papel dos jornais e o tempo de antena de rádios e televisões, que retiraram qualquer espaço às discussões que importavam ao país (mas não a Sócrates).

Permitir que se avance com este processo de vitimização e impunidade total de José Sócrates, fazendo parecer agora que foi o Presidente da República quem quis manipular a imprensa e prejudicar Sócrates, é uma leviandade que não podemos permitir. Com tantos factos provados de interferência de Sócrates nos meios de comunicação, é agora uma suposta noticia libertada pelo PR a mais de um ano das eleições (a data do ditoso mail caído do céu a uma semana das eleições, qual golpe de asa) que faz escândalo neste país.
Que os assessores de José Sócrates liguem para as redacções a pedir explicações sobre os conteúdos editoriais, nada a dizer, sobre as noticias que as suas empresas de imagem vão semeando pela imprensa, nada a dizer, sobre os casos de jornalistas processados por Sócrates por expressarem a sua opinião, nada a dizer, sobre o caso vergonhoso de compra de um director de uma televisão (leia-se Moniz a um mês e meio das eleições, no negócio milionário Prisa-Moniz-Ongoing-MediaCapital-TVI) para silenciar noticias desfavoráveis, nada a referir!

O negócio da Ongoing então, concluído no imediato dia após as eleições é de tal forma despudorado, ostensivo, óbvio, que suplanta tudo o que se possa querer fazer parecer neste país levado por uma agenda jornalística contaminada, por quem nos bastidores, com os seus milhões e os seus poderes, dita as direcções, os sentidos e a intensidade das coisas.
A Socratização desta República, está à vista, mesmo que a queiram esconder nas falhas dos discursos presidenciais, ou nas falhas de imagem dos seus opositores.

Avé Sócrates!

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